Com a chegada de dezembro, os hemocentros do Tocantins enfrentam uma significativa redução nas doações de sangue, impactando diretamente a vida de pacientes dependentes dessas transfusões. Otávio, um garoto de 7 anos residente em Palmas e portador de anemia falciforme, recentemente experimentou as consequências desse cenário, indo parar na UTI enquanto aguardava uma doação específica.
A anemia falciforme, uma condição genética que afeta a formação dos glóbulos vermelhos, requer transfusões com um tipo sanguíneo específico. Diante da raridade desse tipo de sangue, Otávio permaneceu na UTI por mais de 20 dias até que a família, desesperada, mobilizou uma campanha para encontrar um doador compatível.
A mãe de Otávio, Bruna Gomes Botelho Cabral, relatou a agonia enfrentada: "Nós tivemos que abrir um chamado para que pessoas pudessem fazer esse tipo de doação para que viesse atender a necessidade dele naquele momento. E quando descobrimos que muitas pessoas doaram, nosso coração se alegrou. E quando o sangue chegou foi aquela última chance que nós víamos da melhora dele. Então foi uma alegria que não dá para descrever."
Mais de 700 pessoas atualmente fazem acompanhamento pela rede pública de saúde no Tocantins para a anemia falciforme. Vélma de Souza Santos Inácio, vice-presidente da Associação dos Falcêmicos do Estado do Tocantins (Afeto), destaca a necessidade de sangue "fenotipado", com características idênticas ao do paciente receptor.
Em períodos de férias, a queda nas doações torna ainda mais desafiadora a manutenção dos estoques nos hemocentros. Roberia Fernandes, responsável pela captação de doadores, faz um apelo emocionado: "Sensibilize com a dor alheia, tem muitas pessoas nos hospitais, pessoas na fila aguardando para fazer procedimentos cirúrgicos e não é porque está em um período de férias e recesso que essa demanda vai parar."
O Tocantins possui cinco hemocentros, que, mesmo durante as férias, permanecem abertos. No entanto, alguns, como o de Palmas, enfrentam estoques praticamente zerados. Cada bolsa de sangue pode salvar até quatro vidas, destacando a importância de todo tipo de doação.
Bruna, emocionada, ressalta o impacto positivo das doações na vida de seu filho: "Eu não poderia dar o meu, porque o sangue dele é diferente, então se conscientize. É constante a necessidade, então salve vidas. Hoje graças a Deus meu filho está aqui e eu agradeço a todos que puderam estar doando e ajudando." A história de Otávio destaca a vital importância da solidariedade na veia, promovendo a esperança e a cura para aqueles que dependem desses gestos altruístas.