Rafaella Karajá, da Aldeia Fontoura, foi nomeada para a Coordenação Técnica Local (CTL) da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), no município de São Félix do Araguaia, em um marco histórico para a região. A nomeação de Rafaella, pertencente ao povo Karajá, foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira, 23.
A designação de Rafaella como coordenadora representa a primeira vez em que uma mulher indígena assume essa posição na CTL de São Félix do Araguaia. O ato foi assinado pela presidente da Funai, Joenia Wapichana, e também incluiu a dispensa do militar Vicente de Paula Rodrigues de Lima, que ocupava o cargo desde 2020.
A área de atuação da coordenação abrange a região central e sul da Ilha do Bananal, compreendendo 17 aldeias e os municípios tocantinenses de Lagoa da Confusão e Formoso do Araguaia, além das terras indígenas de São Domingos, no município de Luciara (MT), e as terras dos povos Kanela, do Araguaia, também em Mato Grosso.
Rafaella Karajá é reconhecida como uma liderança indígena e pertence ao povo Karajá da aldeia Fontoura, na Ilha do Bananal. Ela possui bacharelado em Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e está atualmente cursando o mestrado em Direito Agrário na mesma instituição. Além disso, é uma pesquisadora ativa sobre violência de gênero e violência contra a mulher indígena.
Após sua nomeação, Rafaella planeja retornar à cidade de São Félix do Araguaia, onde exercerá suas novas responsabilidades. Ela expressou sua gratidão às lideranças, aos caciques Iny Mahadu e à Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins (Arpit) por acreditarem em seu trabalho e terem lutado por sua nomeação. Rafaella enfatizou que sua primeira ação será familiarizar-se com a situação da CTL, reunindo-se com funcionários, caciques, outras lideranças, organizações de base, a Arpit e o Indtins, a fim de colaborarem em um trabalho conjunto.
Paulo Ixati Karajá, presidente do Indtins, destacou a importância dessa nomeação. Ele ressaltou a necessidade de mais lideranças indígenas ocuparem cargos de chefia na Funai, especialmente mulheres, que ainda são minoria em espaços de poder. A presença de Rafaella Karajá nessa posição representa a ampliação da pluralidade de vozes e pensamentos tão necessários para a sociedade brasileira.
Assessoria de Comunicação/Indtins