No cenário rústico e majestoso do Jalapão, onde a natureza exibe sua grandiosidade em uma paisagem árida e inigualável, um exército de heróis silenciosos se levanta em defesa do nosso bem mais precioso: o meio ambiente. As equipes do Projeto Foco no Fogo estão em uma missão épica, percorrendo as comunidades rurais de Mateiros e São Félix, que infelizmente ocupam o topo de um ranking sombrio - o ranking das queimadas ilegais que assolam o nosso Estado.
Sob a égide da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), o projeto Foco no Fogo trilhou incansavelmente o terreno acidentado do Jalapão nesta semana. As comunidades de São Félix e Mateiros, estas últimas lutando contra o fogo que as consome, foram agraciadas com a visita dessas equipes destemidas. Mateiros, atual ocupante do terceiro lugar no triste pódio de focos de calor do estado segundo a Defesa Civil estadual, sentiu em primeira mão o impacto desta mobilização.
Essa cruzada contra as queimadas ilegais não é uma empreitada solitária, mas uma aliança poderosa. Desde o mês de maio, esse projeto vital conta com o engajamento de uma verdadeira união de forças, um verdadeiro pelotão de honra. O secretário Marcello Lelis, voz autorizada em defesa do meio ambiente, enfatiza a importância dessa coalizão: "O Projeto Foco no Foco é a nossa arma para vencer a batalha contra as queimadas ilegais e os incêndios florestais que ameaçam nossas terras".
A trilha árdua pelo Jalapão ecoou com relatos que tocaram a alma e pedidos angustiados das comunidades. Uma voz se ergueu, a voz sábia e reverenciada de dona Noemi Ribeiro da Silva, carinhosamente conhecida como a "doutora" da comunidade quilombola do Mumbuca, em Mateiros. Com 70 anos de sabedoria enraizada no manejo de plantas medicinais, ela compartilhou suas apreensões enquanto imaginava o fogo avançando sobre sua terra. "O desastre que não podemos permitir é o fogo, pois ele traz prejuízos para os passarinhos e coloca em risco o futuro do Capim Dourado", expressou com firmeza. Sua mensagem é clara: a orientação do projeto é uma âncora vital, uma chance de virar o jogo, de reduzir o estrago.
De porta em porta no Mumbuca, a equipe do Foco no Fogo lançou um apelo apaixonado: atenção e cautela nas ações, até mesmo quando se trata de queimar folhas nos quintais. Railane Ribeiro da Silva, presidente da Associação da Comunidade Mumbuca, compartilhou histórias de quase tragédias, quando o fogo quase devorou a vegetação da Prainha. Agosto e setembro, meses de aridez implacável, são o pior momento. As faíscas, muitas vezes acendidas pela negligência humana, podem se transformar em uma tempestade de chamas descontrolada.
As páginas deste capítulo heroico também descrevem a visita às comunidades de Galhão, Fazenda Nova, Galheiros e Carrapato, além das escolas municipais Ernestina Vieira Soares e Estefanio Teles das Chagas. As crianças, os guardiões do amanhã, receberam cartilhas que plantarão as sementes da conscientização ambiental.
Rejane Ferreira Nunes, supervisora da Área de Proteção Ambiental do Jalapão, destaca a magnitude do projeto: "Nossa região é um santuário, com 90% do município abraçado pela natureza. A queima prescrita é uma ferramenta que precisamos manejar com cuidado, e o Projeto Foco no Fogo é uma sentinela vigilante, uma luz de consciência a iluminar nossos caminhos".
Antes de desembarcar em Mateiros, uma procissão formada por membros da Defesa Civil, BPMA, Naturatins, Exército, Corpo de Bombeiros Militar, Energisa, Detran e Ibama marchou pelas estradas de São Félix. A aurora mal tinha raiado quando o café da manhã foi servido, impulsionando o exército de conscientização a iniciar uma carreata que ecoaria pelos recantos da cidade, despertando os moradores de seu sono. Não era apenas um chamado, era um brado pelo meio ambiente. O trabalho tinha apenas começado.
A primeira parada nessa cruzada foi a comunidade quilombola do Prata. Lá, os rios e córregos são testemunhas mudas do estrago causado pelo fogo descontrolado, devorando matas ciliares e secando nascentes. Oliveira Rodrigues de Sousa, um ancião de 86 anos, e seu filho Olivaldo Pereira de Sousa, carpinteiro de 44 anos, ecoaram suas preocupações. Nas profundezas de um quintal, uma nascente outrora vibrante estava agora reduzida a um filete quase imperceptível.
Nas palavras de Darlene Francisa de Sousa, voz das comunidades quilombolas, a mensagem ressoa: "A queimada ilegal é um flagelo que desencadeia prejuízos ambientais e ameaça nossa saúde". O projeto é uma força motriz, um farol que ilumina o caminho, um alerta que ecoa até nas leis estabelecidas pelo Naturatins, como a portaria 101 de 2023, que estabelece um período de "fogo zero" até 30 de outubro.
São Félix, com seus 1.750 moradores e uma constelação de comunidades rurais como Prata, Jaburu, Campinas, Por enquanto, Brejão, Caracol, Bela Vista, Barrinhas e Cordilheiras, é palco da luta contra uma cultura arraigada. Um grito ecoa: os criadores de gado, em sua busca por pasto, desencadeiam incêndios que destroem veredas e secam nascentes. Uma chamada à conscientização ecoa em uníssono: uma cultura de queimadas deve ceder espaço à preservação.
Wilson Gomes da Silva Almeida, coordenador da Defesa Civil Municipal, clama por uma mudança cultural urgente. Os pastos não devem ser renascidos das cinzas, mas sim de um manejo sábio e sustentável. "O fogo, quando usado indiscriminadamente, é um ato criminoso que destrói as veias da natureza", denuncia. Uma voz aliada, Djalma Cirqueira Pugas, secretário de Turismo e Meio Ambiente, ecoa essa convocação à mudança, uma mensagem urgente que ecoa como um chamado em meio à cultura arraigada das queimadas.
À medida que o Projeto Foco no Fogo traça seu caminho heróico pelo Jalapão, as sementes da conscientização estão sendo plantadas. A guerra contra as queimadas ilegais pode ser vencida, mas requer uma mudança de mentalidade, uma corrente de conscientização que incendie o coração da comunidade. O fogo que eles buscam é o da compreensão, do respeito pela natureza e do amor por um Tocantins mais verde e resiliente. É uma batalha que demanda ação, educação e uma aliança inquebrantável.