Um pastor envolvido em um esquema de lucro milionário foi preso pela Polícia Civil do Tocantins quando se encontrava escondido em um rancho com segurança particular. Osório José Lopes Júnior, de 43 anos, era alvo de uma investigação por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, sonegação fiscal e estelionato praticado por meios cibernéticos. O pastor foi localizado na zona rural de Sucupira, região sul do Tocantins.
A prisão ocorreu graças à ação da 8ª Divisão de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil do Tocantins na tarde da última quinta-feira (21). Osório não ofereceu resistência à prisão, e seu segurança particular também não interferiu. Após prestar depoimento, o pastor foi encaminhado para a Casa de Prisão Provisória de Gurupi, onde permanecerá à disposição da Justiça.
O esquema, que operava a partir do Distrito Federal, prometia lucros estratosféricos de "um octilhão" de reais às vítimas. A investigação apontou que o grupo movimentou impressionantes R$ 156 milhões ao longo de cinco anos, além de criar 40 empresas "fantasmas" e manusear mais de 800 contas bancárias suspeitas.
A defesa de Osório afirmou que ainda não teve acesso aos autos do processo e que aguarda para analisar os fundamentos da prisão. Caso a prisão não seja revogada, a defesa planeja impetrar um habeas corpus em favor do pastor.
Esse grupo criminoso, composto por cerca de 200 integrantes, incluindo dezenas de pastores, convencia fiéis a investir suas economias em operações financeiras falsas ou projetos de ações humanitárias inexistentes. Eles faziam os fiéis acreditarem que, ao investir, estariam recebendo "bênçãos de Deus" e lucros enormes. O golpe se baseava em uma teoria conspiratória conhecida como "Nesara Gesara."
Osório é acusado de aplicar golpes em fiéis em Goianésia, Goiás, e em outros estados do Brasil em 2018. À época, ele alegava que havia ganhado um título de R$ 1 bilhão e precisava reunir fundos para recebê-lo. O pastor chegou a arrecadar cerca de R$ 15 milhões com o esquema, prometendo a uma vítima que repassaria mais de R$ 2 quatrilhões.
Ele utilizava as redes sociais, incluindo um canal no YouTube com mais de 70 mil inscritos, para promover o esquema e arrecadar dinheiro. Nas pregações, pedia contribuições financeiras para a "operação", prometendo que todos receberiam o que lhes era devido em breve.
A alegação de Osório era que fazia parte do chamado "Projeto Redenção", supostamente criado nos anos 1940 pelos Estados Unidos e China e adotado por 209 países, incluindo o Brasil. Segundo essa teoria, os países estavam agregando ativos valiosos, como ouro, prata, diamantes e pedras preciosas.
A prisão de Osório representa um passo importante nas investigações contra esse esquema de golpe milionário que afetou muitas vítimas no Brasil e no exterior. Agora, ele responderá pelas acusações em um processo judicial que decidirá seu destino