Na tranquila Comunidade Fazenda Nova, situada na deslumbrante Área de Proteção Ambiental (APA) do Jalapão, a tradicional farinhada de Jatobá não é apenas um evento anual; é um elo que une moradores, servidores do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e, este ano, alunos do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Tocantins (UFT).
Há 17 anos, o senhor José Batista dos Santos, carinhosamente conhecido como Zé Mininim, abre as portas de sua casa para celebrar a colheita do Jatobá, um fruto simbólico da região. Neste fim de semana, a farinhada contou com a participação ativa dos estudantes da UFT, guiados pelo professor Wallace Lopes, que acompanharam de perto o processamento do fruto.
A novidade deste ano ficou por conta da presença de técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que testaram um protótipo de uma máquina despolpadora de Jatobá. Esta inovação destaca o compromisso não apenas com as tradições, mas também com práticas sustentáveis e tecnológicas que podem impulsionar a produção da região.
Rejane Ferreira Nunes, supervisora da APA do Jalapão, destaca o papel crucial da APA no apoio à farinhada. Desde a coleta até a comercialização, a APA atua em todas as etapas, promovendo o uso sustentável dos recursos naturais. "Apoiamos as cadeias da sociobiodiversidade jalapoeira, com destaque para o Jatobá, que é utilizado na produção alimentícia e artesanal", enfatiza Rejane.
A farinhada não é apenas um evento local; é uma expressão do compromisso com a preservação do Cerrado. A APA Jalapão, através da Rede Jalapão de Produtos Artesanais, iniciou um projeto em 2006, com apoio do Naturatins e diversos colaboradores, visando a conservação do Cerrado e alternativas dignas de vivência para os moradores da zona rural.
O Jatobá, encontrado em várias regiões do Brasil, tem sua origem no tupi, significando "árvore com frutos duros". No passado, foi essencial para os povos indígenas em momentos de meditação. Hoje, além de preservar tradições, a farinhada de Jatobá na casa de Zé Mininim se torna um símbolo de cooperação, gestão comunitária e geração de renda, contribuindo para a segurança alimentar e o uso sustentado dos recursos naturais na região do Jalapão.
