Dólar
Euro
Dólar
Euro

Tocantins

Projeto Foco no Fogo: Uma Cruzada Contra as Queimadas Ilegais no Coração do Jalapão

Comunidades de Mateiros e São Félix são o epicentro da luta liderada pelo Projeto Foco no Fogo, que busca conter as queimadas ilegais e proteger o tesouro ambiental do Tocantins.

Imagem de destaque da notícia
Foto: Felipe Bittencourt

No cenário rústico e majestoso do Jalapão, onde a natureza exibe sua grandiosidade em uma paisagem árida e inigualável, um exército de heróis silenciosos se levanta em defesa do nosso bem mais precioso: o meio ambiente. As equipes do Projeto Foco no Fogo estão em uma missão épica, percorrendo as comunidades rurais de Mateiros e São Félix, que infelizmente ocupam o topo de um ranking sombrio - o ranking das queimadas ilegais que assolam o nosso Estado.

Sob a égide da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), o projeto Foco no Fogo trilhou incansavelmente o terreno acidentado do Jalapão nesta semana. As comunidades de São Félix e Mateiros, estas últimas lutando contra o fogo que as consome, foram agraciadas com a visita dessas equipes destemidas. Mateiros, atual ocupante do terceiro lugar no triste pódio de focos de calor do estado segundo a Defesa Civil estadual, sentiu em primeira mão o impacto desta mobilização.

Essa cruzada contra as queimadas ilegais não é uma empreitada solitária, mas uma aliança poderosa. Desde o mês de maio, esse projeto vital conta com o engajamento de uma verdadeira união de forças, um verdadeiro pelotão de honra. O secretário Marcello Lelis, voz autorizada em defesa do meio ambiente, enfatiza a importância dessa coalizão: "O Projeto Foco no Foco é a nossa arma para vencer a batalha contra as queimadas ilegais e os incêndios florestais que ameaçam nossas terras".

Foto: Semarh

A trilha árdua pelo Jalapão ecoou com relatos que tocaram a alma e pedidos angustiados das comunidades. Uma voz se ergueu, a voz sábia e reverenciada de dona Noemi Ribeiro da Silva, carinhosamente conhecida como a "doutora" da comunidade quilombola do Mumbuca, em Mateiros. Com 70 anos de sabedoria enraizada no manejo de plantas medicinais, ela compartilhou suas apreensões enquanto imaginava o fogo avançando sobre sua terra. "O desastre que não podemos permitir é o fogo, pois ele traz prejuízos para os passarinhos e coloca em risco o futuro do Capim Dourado", expressou com firmeza. Sua mensagem é clara: a orientação do projeto é uma âncora vital, uma chance de virar o jogo, de reduzir o estrago.

De porta em porta no Mumbuca, a equipe do Foco no Fogo lançou um apelo apaixonado: atenção e cautela nas ações, até mesmo quando se trata de queimar folhas nos quintais. Railane Ribeiro da Silva, presidente da Associação da Comunidade Mumbuca, compartilhou histórias de quase tragédias, quando o fogo quase devorou a vegetação da Prainha. Agosto e setembro, meses de aridez implacável, são o pior momento. As faíscas, muitas vezes acendidas pela negligência humana, podem se transformar em uma tempestade de chamas descontrolada.

As páginas deste capítulo heroico também descrevem a visita às comunidades de Galhão, Fazenda Nova, Galheiros e Carrapato, além das escolas municipais Ernestina Vieira Soares e Estefanio Teles das Chagas. As crianças, os guardiões do amanhã, receberam cartilhas que plantarão as sementes da conscientização ambiental.

Foto: Semarh

Rejane Ferreira Nunes, supervisora da Área de Proteção Ambiental do Jalapão, destaca a magnitude do projeto: "Nossa região é um santuário, com 90% do município abraçado pela natureza. A queima prescrita é uma ferramenta que precisamos manejar com cuidado, e o Projeto Foco no Fogo é uma sentinela vigilante, uma luz de consciência a iluminar nossos caminhos".

Antes de desembarcar em Mateiros, uma procissão formada por membros da Defesa Civil, BPMA, Naturatins, Exército, Corpo de Bombeiros Militar, Energisa, Detran e Ibama marchou pelas estradas de São Félix. A aurora mal tinha raiado quando o café da manhã foi servido, impulsionando o exército de conscientização a iniciar uma carreata que ecoaria pelos recantos da cidade, despertando os moradores de seu sono. Não era apenas um chamado, era um brado pelo meio ambiente. O trabalho tinha apenas começado.

A primeira parada nessa cruzada foi a comunidade quilombola do Prata. Lá, os rios e córregos são testemunhas mudas do estrago causado pelo fogo descontrolado, devorando matas ciliares e secando nascentes. Oliveira Rodrigues de Sousa, um ancião de 86 anos, e seu filho Olivaldo Pereira de Sousa, carpinteiro de 44 anos, ecoaram suas preocupações. Nas profundezas de um quintal, uma nascente outrora vibrante estava agora reduzida a um filete quase imperceptível.

Foto: Divulgação

Nas palavras de Darlene Francisa de Sousa, voz das comunidades quilombolas, a mensagem ressoa: "A queimada ilegal é um flagelo que desencadeia prejuízos ambientais e ameaça nossa saúde". O projeto é uma força motriz, um farol que ilumina o caminho, um alerta que ecoa até nas leis estabelecidas pelo Naturatins, como a portaria 101 de 2023, que estabelece um período de "fogo zero" até 30 de outubro.

São Félix, com seus 1.750 moradores e uma constelação de comunidades rurais como Prata, Jaburu, Campinas, Por enquanto, Brejão, Caracol, Bela Vista, Barrinhas e Cordilheiras, é palco da luta contra uma cultura arraigada. Um grito ecoa: os criadores de gado, em sua busca por pasto, desencadeiam incêndios que destroem veredas e secam nascentes. Uma chamada à conscientização ecoa em uníssono: uma cultura de queimadas deve ceder espaço à preservação.

Wilson Gomes da Silva Almeida, coordenador da Defesa Civil Municipal, clama por uma mudança cultural urgente. Os pastos não devem ser renascidos das cinzas, mas sim de um manejo sábio e sustentável. "O fogo, quando usado indiscriminadamente, é um ato criminoso que destrói as veias da natureza", denuncia. Uma voz aliada, Djalma Cirqueira Pugas, secretário de Turismo e Meio Ambiente, ecoa essa convocação à mudança, uma mensagem urgente que ecoa como um chamado em meio à cultura arraigada das queimadas.

Foto: Felipe Bittencourt

À medida que o Projeto Foco no Fogo traça seu caminho heróico pelo Jalapão, as sementes da conscientização estão sendo plantadas. A guerra contra as queimadas ilegais pode ser vencida, mas requer uma mudança de mentalidade, uma corrente de conscientização que incendie o coração da comunidade. O fogo que eles buscam é o da compreensão, do respeito pela natureza e do amor por um Tocantins mais verde e resiliente. É uma batalha que demanda ação, educação e uma aliança inquebrantável.

Comentários

Leia estas Notícias

Acesse sua conta
ou cadastre-se grátis