A onda de conflitos em Israel tem gerado tensão entre turistas brasileiros que, em meio à programação de passeios religiosos, se veem em uma situação delicada. Um grupo de 64 brasileiros decidiu interromper o seu passeio religioso devido aos ataques do Hamas a Israel, que começaram no último sábado (7). O momento é de incerteza enquanto aguardam pelo retorno ao Brasil.
Cleomar Ribeiro de Oliveira, de 56 anos, professora de Araguaína, cidade localizada no norte do Tocantins, faz parte desse grupo de turistas. Ela conta que a programação original previa a continuação do passeio até o dia 12 deste mês, com destino ao Rio de Janeiro, mas, diante da atual situação no país, estão ansiosos para voltar para casa.
"Nossa jornada estava planejada até o dia 12, quando deveríamos seguir para o Rio de Janeiro. Mas, dadas as circunstâncias, não há mais clima para continuar. Estamos vivendo apenas em meio à tensão e não queremos mais nada a não ser voltar para o Brasil", relatou a professora.
Os conflitos entre Israel e o Hamas já causaram a morte de mais de 1.120 pessoas, com 700 mortes registradas em Israel, 413 na Faixa de Gaza e 7 na Cisjordânia. Além disso, milhares de pessoas ficaram feridas nesses ataques.
Outro grupo de brasileiros, incluindo tocantinenses, também está em Israel e teve seus voos de retorno ao Brasil cancelados. Cleomar, juntamente com seu marido Elismar Divino de Aguiar, de 66 anos, faz parte dessa caravana que chegou ao país no dia 1º de outubro. Eles visitaram o Egito, a Galileia e, atualmente, estão em um hotel no centro de Jerusalém, que é considerado uma área segura.
A professora explicou que eles forneceram seus dados pessoais à embaixada brasileira, buscando agilizar o processo de retorno ao Brasil, dadas as circunstâncias em Israel. "Estamos acompanhando a situação em Israel e percebemos que a situação aqui está ficando mais complicada. Sabemos que há mais de 180 caravanas brasileiras no país. Enviamos nossos dados à embaixada brasileira para que eles tomem as medidas necessárias para nos trazer de volta o mais rápido possível", disse Cleomar.
A data original de retorno do grupo estava agendada para o dia 12 de outubro, às 3h no horário de Israel (9h no horário de Brasília), partindo de Tel Aviv para o Rio de Janeiro. No hotel, os turistas receberam orientações sobre como proceder em caso de sirenes de alerta.
"A instrução é descermos para as escadas e esperar por 10 minutos. Se não houver mais ameaças, poderemos retornar aos nossos quartos. Portanto, já estamos começando a sentir a tensão aqui", acrescentou Cleomar.
Ela ainda compartilhou que durante a visita a Monte Carmelo, uma região próxima a uma base militar, foi possível ouvir o som de caças e avistar diversas aeronaves militares nos céus da região.
Outro grupo de turistas brasileiros em Israel também enfrentou o cancelamento de voos de retorno. Dentre 37 pessoas, 13 conseguiram embarcar, enquanto 17 permaneceram no país em conflito. Esse grupo é formado por moradores de Araguaína, Palmas, Imperatriz (MA) e Parauapebas (PA). O pastor Bueno Júnior, de 53 anos, líder da caravana, relatou que não há previsão de voos para os passageiros que ficaram retidos em Israel.
Em um cenário de incertezas, o pastor tenta entrar em contato com o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, buscando a intervenção das autoridades brasileiras para viabilizar o retorno da caravana.
Em resposta à situação delicada dos brasileiros em Israel, a Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou o início de uma operação de repatriação dos brasileiros que se encontram na área de conflito em Israel e na Palestina. Um avião KC-30, com capacidade para 230 passageiros, será enviado para a Itália, onde aguardará instruções para buscar os brasileiros no Oriente Médio.
Os confrontos no Oriente Médio têm sido intensos, com o grupo extremista Hamas lançando ataques surpresa contra Israel, levando o país a declarar guerra em resposta. Até o momento, mais de 1.120 pessoas perderam a vida e milhares ficaram feridas. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que seu país está em estado de guerra e lançou a operação "Espadas de Ferro" em resposta aos ataques do Hamas.
Em um gesto de solidariedade e preocupação, a Força Aérea Brasileira se mobiliza para trazer os brasileiros de volta à segurança de seus lares, encerrando assim esse capítulo tumultuado na vida desses turistas que, mesmo em meio ao caos, mantiveram sua coragem e esperança.
